Capítulo Três
A Pequena Donzela
Zyi acordou muito cedo naquela manhã. Olhou para as paredes de madeira
de seu quarto e para o espaço no chão onde costumava existir um tapete, um vão
que agora causava uma diferença de coloração e nível no piso, também de
madeira, daquele cômodo da casa. Ele estava deitado em sua cama pensando em
assuntos sem importância quando um acontecimento que surgiu em seus pensamentos
o atraiu e fez com que ficasse imerso em uma lembrança.
Ele pensou sobre um dia em que estava caminhando pela Rua do Dragão,
aquela rua cheia de lama, cheia de poças d’água, resultados da chuva intensa
que estava caindo. Naquele dia, o céu assumiu um tom cinza-escuro, as nuvens
aparentavam estar muito pesadas, assumindo um tom de tempestade. As casas
estavam completamente fechadas porque o vento estava soprando muito rápida e
agressivamente, fazendo, inclusive, muito barulho com seus movimentos bruscos.
O medo de um possível furacão assustava a todos: não era algo que pudesse ser
chamado de freqüente, mas, caso ocorresse, as chances de sobrevivência em um lugar
como aquele eram demasiadamente pequenas.
Estava à tarde, no entanto, o dia não estava muito luminoso. Até mesmo
alguns trovões podiam ser ouvidos pelas redondezas. Eram traços de um dia
sombrio com um clima ingrato que assustava muito os moradores dali. O tempo
anterior à chuva estava tão aberto que o início desta se tornou algo muito surpreendente.
O espaço de tempo no qual o céu se cobriu de nuvens enegrecidas e a água
iniciou sua queda havia sido consideravelmente pequeno.
Zyi estava correndo para chegar a sua casa tentando escapar de ficar
exageradamente molhado. No caminho que percorria, teve a impressão de ter visto
alguém se movendo.
“Tem alguém ali, eu preciso ter certeza”, pensou o jovem, preocupado que
alguém pudesse ficar desabrigado naquela enorme tempestade.
Ele correu na direção da pessoa que julgava ter avistado, passou da
porta da sua casa e quase chegou à Rua das Cores, a rua seguinte à sua.
Enquanto corria, o som de seus pés pisando em inúmeras poças era extremamente
audível. A água estava sendo espirrada para todos os lados e a perna dele
estava marrom de tanto barro. Mesmo nessas condições, não desistiu de chegar
até aquela pessoa desconhecida.
Depois de passar a Rua do Dragão e mais outras duas casas da Rua das
Cores, Zyi chegou a um beco sem saída. Este estava terrivelmente sujo, composto
por paredes que eram, como quase tudo no Vilarejo da Pena, feitas de madeira e
havia duas grandes latas de lixo.
Assim que entrou naquele beco, Zyi percebeu que sua intuição estava
certa. Ele viu nitidamente que uma pessoa estava ali. Entrou ali para que
pudesse se aproximar dela.
Havia uma garota ao lado de uma das latas de lixo. Ela era baixa e
loura, tinha olhos azuis e encontrava-se abaixada chorando bastante. A menina
visivelmente tremia de frio e demorou alguns instantes até que levantasse a
cabeça e visse o Zyi. Ao vê-lo, passou a mão no rosto para tentar esconder suas
lágrimas, mas, como estava suja de lama, apenas tornou a situação mais
embaraçosa, já que agora havia uma grande mancha marrom em sua bochecha.
A pequena garota perguntou:
– Quem é você? – sua expressão era de medo, quem seria aquele rapaz que
apareceu de repente ali? Era um questionamento compreensível de ser feito por
uma pessoa perdida e encontrada por um estranho.
– Eu sou Zyi, tenho oito anos de idade, por que você não está em casa? –
ele demonstrava meiguice em sua voz – Você vai adoecer! – disse Zyi, que
demonstrou preocupação ao olhar aquela menina no chão a chorar copiosamente.
– Eu estou perdida, eu não sei onde eu estou... – ela começou a soluçar,
e então mais lágrimas apareceram em seu rosto. Tinha dificuldade de fixar seu
olhar naquele rapaz preocupado com o seu bem-estar e demonstrava estar confusa
com toda aquela situação na qual estava.
– Venha comigo – convidou– Eu moro na outra rua! – sorriu de forma a
consolar a menina – Quando a chuva parar, eu te ajudarei a encontrar seus pais
– disse Zyi, mantendo seu sorriso inocente.
– Mesmo? – respondeu com cautela – Eu não vou te incomodar? – o medo que
a menina apresentara anteriormente se dissipara dando lugar a uma sensação de
grande alívio.
– De jeito nenhum! Venha comigo! – tornou a convidá-la – Você com
certeza vai acabar adoecendo nessa chuva tão pesada! – Zyi olhou firmemente pra
ela, de forma bastante consoladora e encorajadora.
– Muito obrigada! – ela começou a sorrir ao perceber que tinha dado a
sorte de encontrar uma pessoa disposta a ajudá-la naquele momento embaraçoso em
que ela se encontrava.
Zyi a conduziu até sua casa na Rua do Dragão correndo e eles não
demoraram muito. Passaram pela porta em velocidade e pararam ofegantes no
primeiro cômodo daquela grande casa feita de madeira.
Naqueles tempos, a sala ainda tinha um sofá vermelho, bem estofado com
espaço para três pessoas e com almofadas douradas, uma mesa de madeira, tendo
esta quatro cadeiras, e um pequeno bar. A ornamentação era relativamente
simples; o bar era pequeno e tinha alguns vinhos bem antigos, os quais ninguém
bebia, mas que segundo o pai de Zyi, eram uma antiga herança da família e, por
isso, não deviam ser tocados ou vendidos.
Eles apenas atravessaram a sala e subiram as escadas. Ao chegarem lá,
uma voz feminina que vinha de uma porta no térreo, a qual Zyi sabia se tratar
da que dava para a cozinha da sua casa. Também reconhecia a dona daquelas
palavras.
– Quem está aí com você, Zyi?
– É minha amiga, mamãe! – respondeu rapidamente e torceu para que não
houvesse mais questionamentos. Ele estava com sorte.
– Tudo bem! – disse Akira, a mãe do Zyi – Se vocês quiserem comer alguma
coisa é só me falar, tudo bem? – o tom amigável em suas palavras era
reconfortante.
– Tudo bem, mamãe! – disse Zyi animadamente, sem deixar a mãe perceber
que a pessoa que estava com ele era uma total desconhecida de quem não sabia
dizer nem o nome.
Zyi levou a menina até seu quarto, e quando entraram nele, Zyi disse:
– Bem, não tem muita coisa aqui, mas pelo menos você não vai ficar
encharcada. – Zyi abriu seu guarda-roupa e pegou algumas peças – Você pode
vestir isso aqui, pode usar o banheiro pra tomar um banho e trocar de roupa –
ele indicava todas as direções com seus dedos – Aproveite que tem água quente, afinal,
você não vai querer ficar com frio e com essas roupas molhadas, vai? – balançou
a cabeça concordando com o que Zyi acabara de dizer.
Ela pegou as roupas da mão de Zyi timidamente, entrou no banheiro e
fechou a porta. Ela estava usando, antes de entrar no banheiro, uma calça
azulada e uma camiseta vermelha, ambas completamente encharcadas e muito sujas
de barro.
Zyi sentou-se e esperou até que ela tomasse banho e trocasse de roupas. Enquanto
isso, olhou para fora de seu quarto pela janela e viu que as gotas de chuva
continuavam a cair céu abaixo. Sem qualquer perspectiva de ver a chuva parar, continuou
aguardando pacientemente.
De repente, o som do chuveiro parou e a porta se abriu. As roupas do Zyi
eram um pouco grandes para aquela menina, mas ela estampava muita felicidade em
seu rosto. Ela não se importava nem um pouco com o fato de aquelas roupas não
terem o tamanho adequado, afinal, estava seca e confortável.
Zyi pediu para que ela esperasse, porque também ia tomar banho, já que
também estava bastante sujo. Separou rapidamente algumas roupas em seu armário
e foi diretamente para o seu banheiro.
Após alguns minutos, Zyi saiu de lá com seus cabelos ruivos molhados e
seus olhos escuros olhando com felicidade para Karin. Ele estava vestindo uma
bermuda marrom e uma camisa branca com detalhes na mesma cor da bermuda.
Sentou-se ao lado dela, em sua cama, e perguntou algo que queria saber,
mas que ainda não havia citado.
– Qual é o seu nome?
– Ah! Desculpe, eu me esqueci de me apresentar! – disse de forma
bastante desajeitada – Meu nome é Suzuka, Karin Suzuka, eu tenho sete anos –
respondeu, ainda de forma bastante envergonhada, acanhada.
– Que nome bonito! – Zyi sorriu meigamente, deixando a menina sem graça –
Posso te chamar apenas de Karin?
Na cultura humana, na grande maioria dos vilarejos, era um hábito se
referir às outras pessoas pelo primeiro sobrenome, o materno. Referências
usando o primeiro nome eram tidas como sinal de grande intimidade entre as
pessoas em questão.
– Obrigado e claro! – Karin sorriu ainda um pouco tímida e sem graça com
o pedido que o jovem havia feito.
– Muito bem, Karin – iniciou aquele menino – O que você estava fazendo
antes de se perder? – perguntou com um ar de curiosidade, mas, acima disto,
preocupação com o porquê de ela ter se perdido naquele lugar.
– Eu estava andando com meus pais... – ela botou o dedo no queixo e
olhou para cima tentando se lembrar – Eu vi um lindo cachorro branco, eu o
estava perseguindo... – Ela parecia estar um pouco triste com o fato – Quando
eu olhei em volta, eu já não sabia mais onde eu estava...
Karin começou a derramar lágrimas, sua feição era de muito
descontentamento consigo mesma. Antes que ela se desestabilizasse ainda mais, Zyi
segurou a mão dela com firmeza e, então, disse:
– Não se preocupe, você está segura agora. – sorriu como uma forma de
tentar consolá-la.
Ela olhou para o rosto de Zyi e viu que os olhos escuros dele estavam
mostrando-se plenos de sinceridade e carinho. Não conseguia acreditar que ainda
existiam pessoas como ele naquele mundo violento em que viviam!
Em tempos de guerra constante onde as crianças perdiam a inocência tão
cedo, os meninos só conseguiam demonstrar ódio, e, quando muito, indiferença...
Ela estava impressionada com a atitude dele: era tão amável, fofo e doce! Além
disso, era muito simpático.
Ele permaneceu conversando com ela durante alguns minutos, minutos que
viraram horas, e a fez esquecer a tristeza por completo. Entretidos em vários
assuntos diferentes, nem sentiam o tempo passar.
Karin estava acreditando cada vez mais que Zyi era mesmo uma boa pessoa.
Era como se pudesse ver nos olhos dele que era alguém que queria apenas o
melhor para ela. Desde o sorriso sereno até o olhar carinhoso, tudo levava a
crer que era completamente diferente do habitual, diferente de todas as pessoas
que conhecera antes.
Sim, Zyi salvara Karin. Ela era uma garota indefesa em um lugar onde não
conhecia ninguém e, para piorar a situação, a Rua do Dragão era uma rua de
nobres, sendo ela uma plebéia. Por mais que fosse bonita e simpática, suas
roupas já deixavam claro que não fazia parte da nobreza.
Ela ainda podia dar o azar de encontrar homens mais velhos cruéis que
cometessem delitos graves, como espancá-la, mas encontrou um garoto quase da
sua idade que, além de ajudá-la a sair dali, deu abrigo durante a chuva, roupas
secas e um banho para que ela não sentisse frio e pediu absolutamente nada em
troca. Um favor completamente sem malícia, na inocência de uma criança com
intenções verdadeiramente nobres, coisa tão rara durante um período de guerra
como aquele pelo qual Huppethay passava...
Zyi estava sorrindo muito. Ele viu que, depois de tudo, Karin era uma
pessoa muito simpática. Ela falava bastante e tinha um humor excelente, além
disso, era muito amável. Ele estava pensando se ela pensava o mesmo sobre ele,
mas não ia perguntar. Estava satisfeito pelo simples fato de que a expressão no
rosto de Karin tinha melhorado significativamente e que ela sorria
freqüentemente com seus comentários. Assim, eles foram se conhecendo melhor e
se afeiçoando amigavelmente um pelo outro, formando laços de amizade.
– Zyi, você é tão doce! – sussurrou Karin com um sorriso largo em seu
rosto.
– Obrigado – o rosto do Zyi ficou completamente vermelho com aquele
elogio totalmente inesperado.
– Você nunca tinha me visto antes, e me trouxe até a sua casa, para o
seu quarto! –ela olhava para ele diretamente nos olhos, algo que foi se
tornando mais natural ao longo daquele dia – Você me emprestou roupas e
conversou comigo esse tempo todo, apenas para me deixar mais feliz! – suspirou
e fez uma pequena pausa – Eu nem sei como te agradecer por tudo isso! – dizia com
uma feição de contentamento e muita satisfação em seu rosto.
– Você não precisa, Karin! – disse Zyi imediatamente em resposta às
palavras dela – Eu apenas acho que eu ia gostar de ser ajudado nessa situação,
então eu tento ajudar também. – sorriu – Tratar como quer ser tratado, não é?
– Você é tão doce! – disse – Eu gostei de você, nós somos amigos agora,
não somos, Zyi? – ela estava bem mais à vontade.
– Bem, eu acho que sim, Karin! – Zyi sorriu um pouco envergonhado, mas
feliz por ter alcançado seu objetivo inicial.
– Ótimo! – disse fazendo sinal de positivo com a sua mão direita.
A chuva parou e Zyi levou Karin para a praça central, que era muito mais
bonita naquele tempo. As rachaduras no chão ainda não existiam naquela época e
toda a estrutura também estava consideravelmente mais conservada.
Havia uma estátua no centro da praça, o homem representado era um rapaz
que lutou contra os Orcs e os expulsou do Vilarejo da Pena, aquele jovem,
sozinho, expulsou centenas de Orcs. Ele era conhecido como Peixoto, Maxwell
Roosevelt. A estátua era tão antiga que não dava para ver com quem ou o quê o
homem se parecia. Era visível apenas, pelo fato da estátua ser em tamanho real,
que o homem era alto e forte, mas não tinha músculos muito grandes e
imponentes, era um estilo de força que combinava com leveza e dava a sensação
daquele homem ser, em campo de batalha, um homem mortal mais pela agilidade do
que pela força bruta em si.
Havia muita gente andando para cima e para baixo, era fácil de entender
porque Karin tinha se perdido. Atravessaram a praça e a menina conduziu Zyi até
a casa dela a partir dali. Eles caminharam por muitos becos, viram muitos lugares
sujos e, após andarem por alguns minutos, chegaram à residência que ela afirmou
ser a sua casa.
Era uma pequena casa de madeira simplíssima. Esta tinha duas janelas
visíveis além da porta, uma pequena horta à frente da casa onde se plantavam vegetais
em geral, provavelmente, apenas para serem consumidos, já que o tamanho não se
mostrava adequado para a venda de produtos. Uma pequena estradinha de pedra
separava a horta em duas metades e conduzia até a casa de Karin, que apesar da
simplicidade, era realmente muito bonita.
Quatro pessoas viviam ali. Karin, seu irmão mais novo, Subaru, e seus
pais, Ygor e Clarisse. Karin virou-se para Zyi, sem graça.
– Posso te perguntar uma coisa antes de você ir embora? – perguntou Karin
com um tom de voz cauteloso e ligeiramente melancólico e olhando diretamente
para o Zyi.
– Claro. – respondeu, confuso com o questionamento.
– Nós iremos nos ver outra vez? – perguntou olhando no fundo dos olhos
daquele jovem que a ajudara tanto.
– Eu não posso vir aqui, meus pais não vão me deixar sair de casa para
vir até aqui... – suspirou Zyi – Eu acho que eles não pensam da mesma forma que
eu... – disse sem muita animação – Mas você pode me visitar a qualquer momento,
quando quiser. – a voz dele reacendeu – Eu só tenho aulas de manhã, estou livre
durante o resto dos dias. – explicou sorrindo.
– Eu te visitarei todos os dias a partir de agora, prepare-se! – disse
sorrindo bastante. Então ela fez o gesto formal de despedida feminino dos
humanos, curvar-se ligeiramente flexionando de leve os joelhos e levando as
mãos à cintura como se estivesse levantando um vestido ligeiramente.
– Eu vou! – disse Zyi, sorrindo e procedendo com o gesto formal
masculino de despedida dos humanos: curvar-se ligeiramente e tirar, ou
representar estar tirando, o chapéu e retorná-lo logo em seguida.
Zyi voltou para casa, e então, continuou falando com Karin quase todos
os dias. Seus pais nunca descobriram que ela era uma plebéia, nem os pais da Karin
que Zyi era um nobre. A amizade deles perdurou durante todo esse período de
forma firme e consistente, eles jamais deixaram de dar apoio um ao outro em
momento algum.
Infelizmente, durante esse período, Subaru descobriu que Zyi era um
membro da nobreza e passou a desconfiar dele, mas sem nunca contar a seus pais
sobre a natureza daquele rapaz. Subaru não confiava na elite do Vilarejo da
Pena, julgava que esta era injusta e que queria o mal da plebe, dominando-a com
uma religião ridícula e ditatorial. Para ele, Zyi usava Karin de alguma forma
que não conseguia imaginar. Ele estava com ela por alguma razão, qualquer uma,
menos gostar dela. Como conseqüência, Subaru sempre tratou Zyi muito mal e, por
ser uma pessoa muito sincera, sempre deixou explícitos os seus motivos.
Zyi parou de pensar no passado. Ele olhou pela janela para Rua do Dragão.
Esta não mais era uma rua nobre, mas o contrário: Zyi era o único que ainda
vivia lá. O tempo tinha passado de forma que aquela rua caísse na superstição.
As pessoas tinham muito medo da rua desde que o último ataque de gorgonites,
que causou danos sérios e jamais reparados na barreira que envolvia o Vilarejo
da Pena. Era uma avenida aberta a novos ataques e, além disso, os ataques eram
tidos, pelo fato de terem sido iniciados justamente naquela rua, que era a
fronteira entre o vilarejo e a floresta, como sinais de que Deus amaldiçoara
aquela rua por algum delito que os moradores pudessem ter cometido, por isso
todos morreram naquele ataque, permanecendo apenas o Zyi, um garoto muito bom e
respeitado por todos, vivo.
Zyi não se lembrava muito bem daquele ataque. Além do fato de que era
muito novo, a investida havia sido muito traumática para ele e trouxe muita
tristeza para o Vilarejo da Pena como um todo. Zyi não sabia nem ao menos dizer
por que, mas lembrar de qualquer detalhe daquele dia o fazia chorar muito e,
por isso, procurava apenas esquecer aquele evento.
Agora, só queria pensar no futuro que o aguardava. Este era a jornada
que ia encarar ao lado de Ghan e o grupo que estava por se formar.