29 novembro, 2014

A Lenda de Kum -- 2

   
  
CAPÍTULO DOIS

A Lenda de Kum


      Continuaram para a caverna que estava escura. Um primeiro homem precipitou-se, e em seguida, a única coisa que ouviram foi um grito aterrorizante, que extinguiu-se no ar, gradualmente.

As pessoas entreolharam-se assustadas. Pierson, parou, abruptamente. Seu coração palpitava forte no peito. Tentava manter a calma, não podia deixar que os outros se desesperassem. Então, um homem aproximou-se, com um olhar fixo em Pierson e sua atenção na escuridão que acometia o ser das pessoas, fazendo-as sentir um vento gelado subir pela espinha.


      — Essa tempestade está aumentando e mudando de direção. — sussurrou o homem, olhando por entre as pessoas assustadas — Se ficarmos aqui, seremos mortos pela areia. O que faremos?
— Eu vou entrar lá, Rye. É a única esperança. — olhou de esguelha — Fique aqui e ajude a todos que estiverem precisando.
— E se você não retornar? — indagou Rye, os olhos arregalados e os lábios tremendo.
— Eu vou voltar! — exclamou Pierson, confiantemente.

Ele deu alguns passos para frente. E encarou a escuridão com os olhos ardentes em esperança. Uma presença diferente pegou Pierson de surpresa, algo que deixava-o inquieto. Algo fora do comum, um medo, talvez. Uma força desconhecida que o empurrava para trás. Pierson firmou sua mente e, contra todos os seus instintos, caminhou adiante.

Toda a luz foi esvaindo-se e em pouco tempo, caminhando, já estava totalmente submerso naquele mundo negro. Seus olhos pouco enxergavam, mas conseguia sentir a areia e as pedras passando por seu pé. De repente, parou sobre algo rígido. Abaixou para colocar as mãos e tentar identificar. Colocou a ponta dos dedos, lentamente, sobre o a superfície rígida e fria. Então, aquilo moveu-se. Passou, esfregando, em sua mão, mostrando ser comprido e afunilado até a ponta. Pierson caiu para trás, assustado e cego. Ele estava tentando entender o que tinha acontecido. Um ruído fraco de algo que se arrastava era sua única pista.

— Quem está ai? — indagou, com medo da resposta. Estava arrastando-se para trás.

Ninguém respondeu.

— Responda minha pergunta. — disse Pierson, novamente tentando estabelecer contato com as sombras.

Ele tentou levantar-se, ainda lentamente. Cada movimento em sua devida ordem. Apoiou as duas mãos no chão, respirou fundo, inclinou o corpo para frente e as pernas para trás. Quando levantava, sentiu algo gelado tocar seus lábios. Saltou para trás, rapidamente e socou o ar na sua frente. O pelo de seu braço eriçou e sua voz falhou. Novamente sentiu algo tocar seus lábios. Socou, chutou e urrou. Mas nada respondeu e nada foi atingido, com exceção da sua sanidade.

— Quem está ai? — indagou, novamente. Sua voz agora tinha um tom de desespero.

Ouviu um ruído originado no topo acima de sua cabeça. Olhou, rapidamente, de forma instintiva e um pouco de areia caiu em sua face. Ele recuou mais uma vez. O medo começara a desaparecer e a fúria tomava seu lugar, gradualmente.

Resolveu avançar. Um passo, dois passos, três passos e um baque em sua retaguarda. Virou-se, os olhos arregalados e os punhos cerrados.

— Eu sei que tem alguém ai. Diga-me seu nome. — disse Pierson, tentando parecer confiante em suas palavras.

Um sentimento ruim invadiu sua alma e um hálito gelado tocou seu rosto.

— Olá Pierson.

Continua…