RodIsland, Maine, Fevereiro de 2001.
Era mais uma manhã em RodIsland, o senhor White estava
sentado em sua varanda admirando o fim do inverno nevado; a senhora Anderson
estava gritando com seus filhos gêmeos por eles se sujarem antes do culto. Os
cultos aos sábados eram, em todos os sentidos da palavra, sagrados para grande
parte dos moradores da cidade. Por isso Olivia Anderson se irritava sempre com
os filhos brincalhões, afinal, que senhora honrada deixa os filhos imundos bem
antes do abençoado culto do pastor Edwards? Oliver Edwards, um homem limpo das
marcas do pecado, guiado por Deus e amado por todos da pequena RodIsland. Quer
dizer, amado por quase todos, pois existe ali um grupo que não era devoto ao
‘Santo Edwards’, mas por questões óbvias eles fingiam ser para toda a pequena e
religiosa população da cidade.
Mas naquele sábado algo muito
diferente viria a acontecer e que chocaria todos os fiéis. Poucos minutos antes
do culto começar alguém foi visto mexendo no equipamento que exibia as letras dos
cânticos em um telão próximo ao altar, logo acima do órgão. Ninguém soube
informar mais tarde quem era tal pessoa. Dada a hora para o inicio do culto,
todos os que regulamente iam a ele já estavam devidamente acomodados e prontos
para ouvir mais testemunhos, cânticos e passagens bíblicas. Porém algo chamou
muito a atenção: o Oliver Edwards estava claramente muito atrasado, nem estava
na porta para recepcionar seus fieis como corriqueiramente fazia.
—
O que será que houve?
—
Ele nunca fez isso antes.
—
Será que algo ruim aconteceu?
Esses e
vários outros comentários podiam ser ouvidos vindos dos sussurros dos ali
presentes. Mas logo foram calados por um chiar muito forte vindo dos alto
falantes do salão. Em seguida no telão onde eram exibidas as letras dos cânticos, uma imagem fez as mães cobrirem os olhos dos filhos, alguns sentirem vontade de
chorar e alguns outros a ficar em estado de choque. Na tela estava o pastor
Edwards, completamente nu, com as parte íntimas decepadas, preso a uma árvore
pelo pescoço e no peito a palavra ‘estuprador’ estava gravada em sua pele e o
sangue escorria das letras. O choque no
salão era geral, ninguém sabia o que fazer, quem chamar, os policiais da cidade
já estavam ali com suas famílias e nem eles sabia o que fazer. Depois de algum
tempo, August Hill se levantou e bruscamente desconectou os cabos que
reproduziam a imagem no telão.
—
Devemos tomar
uma decisão sobre o que fazer imediatamente. Isso é uma tragédia, um
homem santo como o pastor Edwards foi violentamente morto e nem sabemos onde
ele está. Vamos, devemos achá-lo imediatamente. As mulheres levem as crianças para a casa e
não saiam até que seus maridos tenham voltado. Não quero ninguém sozinho, os
maníacos que fizeram isso ainda estão a solta.
Era esse o homem mais
influente da cidade, dono de uma rede de lojas, resolveu morar em RodIsland por
ser uma cidade pacata. E como a palavra de August Hill valia quase mais que a
do próprio prefeito da cidade, todos cumpriram suas ordens. Os homens escoltaram
as mulheres e crianças para suas casas, que foram trancadas em seguida, e depois
todos se reuniram na praça central da cidade, bem em frente à bem acabada
prefeitura.
—
Como meu amigo
August já disse, devemos encontrar esses psicopatas e entregá-los a
nossa justiça. Pois a justiça de Deus para com esses animais será tomada no dia
do juízo final.
Depois do discurso quase
comovente e muito breve do prefeito Antony Aleen, um velho muito baixinho e
feio, todos seguiram divididos em grupos para os bosques aos arredores da
cidade e, munidos de armas de fogo e armas brancas, começaram a caçada pelo local
da morte do pastor.